38 – Voltar para Avançar (Quando as Nuvens Dançam – Reflexões de Quarta-feira) 

Ritual é voltar para a tribo. Bem guiado, é o círculo que guia. Escola real sem paredes, pessoas únicas conscientes das redes. Ninguém mais importante que ninguém. Cada um fazendo a sua parte. Cada qual único, insubstituível, invencível. Todos células indivisíveis do trabalho ancestral. 

Ritual é cerimônia que relembra o sagrado, religa com a fonte, aponta para o norte. Religião prática, consciência vivencial que sai do automático, do que só funciona, da apatia, do lixo mental. 

É a valentia da matéria que se descobre imaterial, é quando o ser se entende espiritual. Respirar, sentir, perceber. Simplesmente estar de outra forma. Fusionando, fluindo, sendo. Mergulhando até a raiz do querer. Questionando o habitual, os conceitos, as ideias: o próprio ser. Sacudindo o estabelecido, enrijecido, apodrecido. Mudando o manifestado.

Ritual é reverenciar. O presente presenteado presencial. Não como uma obrigação, não. Mais como aquele que se rende, se abre, se entrega. À paixão superior, à arquitetura una da dicotomia. À textura divina, ao ser que fia, à criatividade que desafia. Ao sublime tear do caos.

Ritual é voltar para avançar e assim finalmente conquistar o que tanto insistimos em buscar. Quando a única certeza é que você e eu somos natureza descoberta, plenamente desperta. Com o pé no chão, a cabeça nas estrelas e o coração em flor, nos abrimos. Para a floresta que transfunde e perfunde, para a vida que transpassa e ultrapassa, para o amor, louco amor, que entrelaça e arrebata.

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