10 – Mais um Carnaval (Quando as Nuvens Dançam – Reflexões de Quarta-feira)

10 – Mais um Carnaval (Quando as Nuvens Dançam – Reflexões de Quarta-feira)

Hoje o dia amanheceu e uma chuva bem forte veio lavar o Carnaval. Que venham as bênçãos, das águas e das plantas, dos mestres e das mestras, das artes e das amizades. Digam o que quiserem, mesmo que todos celebrem ardentemente as Festas de fim de Natal e Réveillon, pelo menos aqui na Bahia, o ano só começa depois do Carnaval. Medicina das mais potentes, sozinho ou no meio da multidão, dançar é e será necessário, para achar forças. Às vezes a catarse é imprescindível: bater o pé com vontade, sacudir as vísceras, chamar veementemente pelo centro da terra e jogar as mãos para os céus. Que se dane o desalento. Enquanto aqui estivermos, dançaremos. 

Chega um momento em que não sabemos mais o que fazer, ainda mais agora, que tudo parece se acelerar. O trem perdeu os freios e a colisão é garantida. Será que sou eu ou é o mundo que está ainda mais caótico, mais à beira do abismo, a ignorância mais ignorante e a cegueira mais cega do que nunca? Será que é a minha visão ou, também e justamente por tudo isso, é o mundo que está ainda mais fascinante, mais próximo ao despertar, o amor mais amoroso e a compaixão mais compassiva que nunca? O inferno e o paraíso abriram as portas, por dentro e por fora, e estão todos aqui, anjos e demônios dançando juntos. 

Que venha e emerja do coração da vida a música mais profunda e a dança mais ancestral, e que elas nos guiem a cada passo do caminho. A coisa está ficando séria, mas toda seriedade requer um pouco de alegria para não pesar demais. Com tudo que nos resta de dignidade e humanidade, levantemos e desafiemos, com beleza e poesia: a apatia, a passividade, a falta de discernimento e empatia, a crueldade, a desconexão, a ansiedade, a morte iminente. Sigamos o fio delicado da resiliência que nos faz lutar até o último segundo pelo ouro puro de um amor verdadeiro, amor daqueles que quer e precisa ser compartilhado, que vibra tanto, mas tanto, que não há nada neste mundo que o possa deter. 

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