
A Vida leva a gente. De repente, em vez de irmos para um lado, vamos para o outro e essa escolha muda nossa trajetória para sempre.
Olhamos para trás e procuramos por indícios, sinais despercebidos, tendências ignoradas, justificativas para a irreversibilidade.
Mas não adianta. Aqui estamos. Com as suas e as minhas tristezas e belezas que o destino traz.
Talvez não possamos mudar onde estamos. Talvez estejamos cansados de andar e andar sem nunca chegar. Talvez andar já não seja sobre chegar.
A importância das coisas mudou.
Antes havia o olhar do outro, do entorno, os ganhos possíveis. Agora a luta é pelo ouro de cada minuto.
Antes o sol era sempre intenso e a noite sempre escura. Agora há os crepúsculos e tantos matizes entre eles.
Já não há vencedores nem perdedores. Há viver mais ou menos plenamente. Há a plenitude rara do momento presente.
Não se trata mais de saber melhor nem de convencer, mas de sentir juntos quando possível.
A verdade se estilhaçou na infinidade e ainda que não haja afinidade, algo talvez tenhamos em comum. A abertura é a cura do que se fechou.
Não há linhas retas em um mundo de curvas. Turvo é o saber que não reconhece seus próprios espinhos.
Há apenas caminho e caminhar e, com um pouco de sorte, amar.