12 – A Plenitude Rara (Quando as Nuvens Dançam – Reflexões de Quarta-feira) 

A Vida leva a gente. De repente, em vez de irmos para um lado, vamos para o outro e essa escolha muda nossa trajetória para sempre. 

Olhamos para trás e procuramos por indícios, sinais despercebidos, tendências ignoradas, justificativas para a irreversibilidade.

Mas não adianta. Aqui estamos. Com as suas e as minhas tristezas e belezas que o destino traz. 

Talvez não possamos mudar onde estamos. Talvez estejamos cansados de andar e andar sem nunca chegar. Talvez andar já não seja sobre chegar.

A importância das coisas mudou. 

Antes havia o olhar do outro, do entorno, os ganhos possíveis. Agora a luta é pelo ouro de cada minuto.

Antes o sol era sempre intenso e a noite sempre escura. Agora há os crepúsculos e tantos matizes entre eles.

Já não há vencedores nem perdedores. Há viver mais ou menos plenamente. Há a plenitude rara do momento presente.

Não se trata mais de saber melhor nem de convencer, mas de sentir juntos quando possível. 

A verdade se estilhaçou na infinidade e ainda que não haja afinidade, algo talvez tenhamos em comum. A abertura é a cura do que se fechou.

Não há linhas retas em um mundo de curvas. Turvo é o saber que não reconhece seus próprios espinhos.

Há apenas caminho e caminhar e, com um pouco de sorte, amar.

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