A hora essencial se aproxima cada vez mais. Você também sente isso? Penso nas encruzilhadas da vida, em que fazemos escolhas que reverberam até o fim de nossos dias. Momentos em que optamos por desistir definitivamente daquilo que nos movia quando éramos mais jovens, quando ainda acreditávamos na magia, desmerecendo nossos sonhos como delírios de juventude, ou então quando tomamos a firme resolução de apostar ainda mais, de dar tudo, de deixarmos um legado inspirador quando formos embora. Se optarmos por nossa saudável loucura, não será fácil nem confortável, pelo contrário. Será a coisa mais difícil que faremos em nossa vida. E valerá infinitamente a pena.
O sonho quer ser regado, bebe litros de atenção. Ele precisa ser ninado, como um bebê de colo, e cuidado como o mais precioso tesouro. O sonho cresce e floresce quando olhamos para ele, pensamos nele, fazemos pequenos gestos diários, elegantes, apaixonados, para alimentá-lo. É a alma se manifestando através do que pensamos e fazemos, é o mundo que desejamos para nossos filhos e netos, a mensagem que transmitimos com a nossa presença, o que os outros falam de nós quando não estamos por perto. O sonho somos nós, profunda e essencialmente, a música que nos guia desde tempos imemoriais. É o que faz o coração bater mais forte, nos toca e quebra e regenera sem que consigamos esquecer um dia sequer. É o que nos cura e o que ajuda a curar o mundo. Você já sonhou assim?
Como a respiração, que nos move a todos os momentos, o sonho permeia tudo. É a visão mais grandiosa, a ideia mais ousada, o caminho mais inovador. É o que nos eleva acima da mediocridade, da relação mais ou menos, do trabalho como labuta, do dia a dia sem sentido. É o propósito, o chamado atemporal, latejando nas veias, o pulsar do universo no coração. É se sentir vivo, ser parte do desconhecido que vibra. É o próximo passo, a promessa de uma beleza que ainda não sabemos, querendo desabrochar. É ladrilhar a trilha percorrida a cada novo dia com mosaicos de amor, indo mais e mais longe na certeza de que viver é privilégio e requer um heroísmo delicado e constante: somos os heróis de nossa própria história.
art by Lucy Campbell