Como é bom acordar no silêncio
Abrir os olhos: olhar, sentar, respirar
Ouvir os pássaros a cantar
Ver como a luz incide
Entre galhos e folhas e flores
Silenciar na contemplação
Do que se sonhou dormindo
E contemplar o sonho acordado
Colher um pouco de silêncio
Colher um tanto de agrado
Trazer na alma aromas
Ao longo do dia, a sinfonia
Da beleza e delicadeza
Da vida e sua grandeza
Vestir das cores a luz
Vestir todo o encanto
E levantar escudos da calma
Para poder enfrentar o pranto
De mergulhar na dissonância
Na agonia incessante
Na ansiedade, hiperatividade
Da prisão do dia a dia
Na angústia e na apatia
Dos que não cultivam a alma
Dos que já não sabem sonhar
Sem afundar, desesperar, se afogar,
Sem perpetuar, a tristeza, a falta de empatia
Sem a cacofonia, do colapso que avança
Sem a falta constante, essa falta que tanto cansa
A falta de dança, de senso de humor,
De leveza, de vida mansa
O suave esplendor,
Da nobreza sem arrogância
Enfim, a falta crônica de amor
E a urgência, a emergência,
De ajudar, mudar, irradiar
Levantar, lutar, sim! Lutar!
Pelo raio de sol que nos cabe
Pela alegria que abre e expande
Pela visão maior que ampara
Pelo momento que nos é dado
Precioso, inusitado, eternamente sagrado
Agora