22 – Igreja-Raiz (Quando as Nuvens Dançam – Reflexões de Quarta-feira)

Sol brilha, verde brilha

Verde, verde, quem te tem

Igreja-raiz, que respira

Em meio à ira, que destrói

Pássaros voam, filhotes piam

Animais se penduram e pululam

Nos galhos que perduram na 

Esquina do concreto, onde 

Avançam reto, morte e vazio

Telas e nós, quase robôs

Pivôs programados, adormentados

Acinzentados e atormentados

Atenção e tempo: comprados

E ainda, no entanto,

Vagas verdes sensações

Emoções vastas, a aflorar

Tentando, precisando lembrar 

O que toca, ainda, toca, fundo

Música do sonho a sonhar

Recordar, o chamado mais profundo

Mundo ainda desejado, às

Pessoas: Que busquem o momento!

O sentido, o encantamento

Que despertem e escutem!

Da dor, o alerta supurante

Da esperança, o canto retumbante

Novo dia, invencível alegria

Sacro ofício, trabalhar – pela vida

Não contra ela, não apesar dela

Ser: verdadeiramente humano 

Vela inspiradora, altar ativo 

Razão que sente e transcende

Não mais indigna, indiferente

Finalmente existir, em oração

Em ação real, edificante

Pelos próximos e distantes

Pelos que choram, lá fora

E aqui dentro, com eles

Um só coração pulsante 

Para eles, para nós

Por todos nós: decidir

Resistir, levantar o canto

Suave, firmemente

Estar presente