
A gente se espanta.
Pelos transtornos todos: ansiedade, autismo, depressão, psicopatia, bipolaridade, esquizofrenia, burnout, síndrome de pânico, de estar vivo… sem falar nas doenças todas.
Pela destruição sistemática: da biodiversidade, da solidariedade, da empatia, da alegria, da gentileza, do cuidado, do respeito, da verdade, da espiritualidade, do sentido…
Pela injustiça generalizada, contra os que têm menos, ou não têm nada, as minorias, os diferentes, os dissidentes, os vulneráveis, os incompráveis…
Pelo preço das coisas, pela dificuldade em pagar: seguro de saúde, aluguel, impostos, contas, comida, transporte, remédios, roupas, cursos, escola, cultura, mais contas…
A gente se espanta. Por estar colhendo o que plantou. Por estar vivendo o que aprendeu e ensinou.
Pais e filhos, políticos, empresários, médicos, servidores, do menor ao maior, o que é mais importante para a maioria? Que sociedade construímos a cada gesto, a cada dia?
Qual a consequência inevitável de um mundo voraz? Qual a diferença que cada um de nós faz?
Qual o deus que servimos todos, sem exceção? A quem estão submetidos direita, esquerda e centrão?
A gente se espanta por não querer perder a esperança.
Só que não dá mais para esperar, que esse ou aquele vá solucionar, o que todos que vieram antes não souberam remediar.
Por isso: a gente não mais se espanta. A gente para, dá as mãos, pensa, e planta.